segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

4 sinais que mostram a hora de demitir um funcionário


SÃO PAULO - Nem todos vão se encaixar com a missão e objetivo da empresa. Manter um profissional na equipe que não está contribuindo positivamente pode enfraquecer a produção da empresa, especialmente aquelas de pequeno porte, em que a cultura do ambiente de trabalho influencia diretamente no sucesso.

O site Business Insider compilou quatro sinais que mostram ao líder a hora de demitir um funcionário. Confira:

1. Não supre as expectativas

De acordo com o site, o gestor não deve dar importância apenas ao esforço do funcionário. Se ele deixa de atender às expectativas da empresa e as do chefe, é hora de tomar alguma atitude, seja conversar para dar outra oportunidade ou demití-lo.

Ele não está só custando dinheiro para empresa, mas está empurrando as responsabilidades para outros colegas, causando estresse dentro do escritório. Uma solução é oferecer a ele um plano de metas a curto prazo. “No entanto, se essa pessoa não melhorar dento do período estabelecido, você deve tomar atitudes mais drásticas”.

2. Não sabe lidar com mudanças

O crescimento é o objetivo, especialmente para as pequenas empresas, em pouco tempo. Se um empregado não consegue manter o ritmo ou se movimentar em direção aos novos rumos da empresa, ele pode se distanciar dela com o tempo. As empresas precisam continuar a evolução para ser bem-sucedida, assim como sua força de trabalho.

"A mudança é inevitável, especialmente em uma empresa em rápido desenvolvimento. Os funcionários precisam estar confortáveis com a mudança e ansiosos para melhorar suas habilidades", disse CEO da Yesware, Matthew Bellows, ao site. "Precisamos manter nossas habilidades em ritmo com a empresa".

3. Falta entusiasmo

É fácil estar motivado nos primeiros meses de trabalho ou quando a empresa ainda não enfrentou nenhuma crise. Mas, ao passar do tempo, as dificuldades vão aparecendo.

"Todo mundo que passa na entrevista de emprego está animado para as oportunidades que virão. Mas precisamos manter, e até aumentar, a nossa motivação nos próximos meses ou até anos", afirmou Bellows ao site. "Não somos motivados o tempo todo, mas valorizamos as pessoas que são apaixonadas pelo nosso trabalho e motivadas a realizar ainda mais".

4. Não se encaixa na cultura da empresa

Na maioria das vezes, os gerentes de contratação estão tão focados em contratar alguém com as habilidades certas para o cargo que esquecem que também é importante contratar alguém que entenda e se alinhe aos objetivos da empresa.


"Muitos gestores falham em escolher as pessoas que têm alta competência, mas não se ajustam à cultural. Este é um erro fatal, pois esta é exatamente a pessoa errada para contratar", apontou o diretor-gerente do Foundry Group, Brad Feld. Para ele, o candidato perfeito se alinha à cultura da empresa e é ambicioso o suficiente para aprender novas habilidades dentro de um curto período de tempo.

O custo da infelicidade

Texto de Alexandre Teixeira, jornalista de economia e negócios, autor do livro Felicidade S/A


A discussão sobre felicidade no trabalho que venho propondo talvez pareça soft demais. Não é. Bastam uns poucos dados sobre a epidemia de infelicidade que assola organizações do mundo todo para demonstrar que o assunto é economicamente relevante.



O Gallup calculou o custo da crise de desengajamento americana em US$ 300 bilhões anuais, referentes à perda de produtividade. Empregados altamente engajados perdem, em média 7,6 dias por ano em “presenteísmo” (presentes de corpo no trabalho, mas não de alma). Seus colegas desengajados perdem quase o dobro: 14,1 dias por ano.



No Brasil, US$ 42 bilhões anuais são perdidos por baixo engajamento. A julgar por uma pesquisa da Towers Watson em 16 países, divulgada em julho de 2012, até que não estamos tão mal. Internacionalmente, 65% dos trabalhadores estão desengajados. No Brasil, são “apenas” 30%.

Muita gente está infeliz porque trabalha “no escuro”. Segundo a pesquisa da Towers Watson, no Brasil, 46% dos funcionários dizem não conhecer as metas das empresas onde trabalham. E 44% dizem que não sabem o que precisam fazer para ajudar a companhia a atingir seus resultados.

Outro fator de infelicidade é o descasamento entre valores pessoais e corporativos. Uma pesquisa da Bain & Company com 750 profissionais de seis países revelou que 15% dos executivos já aceitaram redução no salário para trabalhar em empresas que adotam práticas sustentáveis.

Há, ainda, o desconforto com jornadas de trabalho e demandas 24X7. No grupo das principais economias do planeta, os executivos brasileiros são os mais insatisfeitos com o equilíbrio entre vida familiar e dedicação profissional.

Demonstrado o prejuízo e as causas, cabe sustentar que ser feliz, como organização, é estratégico.

Raj Sisodia, um consultor indiano radicado nos EUA, comparou a valorização das ações de dois grupos de companhias americanas entre 1996 e 2011. As “empresas conscientes”, compromissadas igualmente com todos os seus stakeholders (funcionários incluídos), acumularam 1.646%. As 500 companhias mais negociadas na Bolsa de Nova York valorizaram 157% no mesmo período.

As tais empresas conscientes têm vantagens como menos processos trabalhistas e menos gastos com marketing. Para elas, “a alma é a propaganda do negócio”, como diz o consultor César Sousa.

Nas 100 melhores empresas para trabalhar, as palavras que os funcionários mais relacionam a suas companhias são “pessoas”, “família” e “tempo”. “Pagamento” ocupa apenas a 81ª posição.



Ainda acha que felicidade é um assunto soft?

A apropriação da sustentabilidade pelas grandes marcas globais

texto de RICARDO ABRAMOVAY


A sustentabilidade foi apropriada não só pelo discurso, mas pelas práticas das maiores marcas globais.

Coca-Cola, Nestlé, Procter&Gamble, Unilever, Walmart, McDonald's, Nike, IBM, Google, Siemens ou General Electric, cada uma delas lançou, nos últimos cinco ou dez anos, ambiciosos programas em que migram para fontes credenciadas de fornecimento, reduzem suas emissões de gases de efeito estufa ou diminuem sua pegada hídrica.

Maquiagem, propaganda enganosa, mudança cosmética? Muitas vezes, certamente sim. Mas é expor-se a riscos incompatíveis com o tamanho desses negócios prometer neutralidade em água, abastecimento vindo de produtores certificados, eliminação de resíduos tóxicos ou transição para energias renováveis e imaginar que o não cumprimento dessas metas possa passar em branco.

Essa constatação suscita, é claro, uma questão crucial: será que a transição das maiores empresas do capitalismo global para o eco-negócio é capaz de interromper as perdas ecossistêmicas a que tem levado o crescimento da economia mundial? Peter Dauvergne e Jane Lister respondem a essa pergunta com um enfático não, em livro recém publicado pela prestigiosa editora do Massachussets Institute of Technology.

Nessa contradição entre o empenho em melhorar o uso dos recursos materiais, energéticos e bióticos e o agravamento da deterioração ambiental talvez resida o maior desafio atual das sociedades humanas. Por que as empresas globais estão fazendo da sustentabilidade um objetivo estratégico? Por que, apesar disso, a destruição continua? Quais os caminhos para enfrentar este impasse?

É claro que a pressão da sociedade civil e a exposição crescente das grandes firmas a riscos reputacionais ajuda a explicar seu envolvimento com temas socioambientais. Dauvergne e Lister, entretanto, chamam a atenção para outros fatores nessa conversão. O fundamental é que o eixo de organização do capitalismo contemporâneo não é mais a fábrica operando num lugar fixo que reúne milhares de pessoas em torno de uma atividade claramente gerenciada e hierarquizada.

Ao contrário, o que predomina hoje são cadeias de valor que funcionam sobre a base de milhares de fornecedores. A Walmart, por exemplo, tem mais de 100 mil fornecedores, dos quais 20 mil só na China. A própria oferta de produtos industriais, que se trate de têxteis, calçados ou eletrônicos, apoia-se numa pulverização de produtores para cuja coordenação o melhor uso da água, da energia, a redução do lixo ou das emissões é indispensável.

Além disso, essas grandes marcas globais procuram contrapor-se à volatilidade dos mercados de commodities. A Coca-Cola é a primeira compradora mundial de alumínio e de açúcar, a segunda maior de vidro, a terceira de produtos cítricos e a quinta de café. Claro que a empresa tem todo o interesse não só em organizar o fornecimento desses produtos, mas também em estimular a reciclagem daquilo que utiliza, como já mencionado neste espaço. Não é à toa que o WWF celebrou há alguns dias um acordocom a Coca-Cola, prevendo redução nas emissões de gases de efeito estufa, no uso de água e a recuperação de embalagens.

São inúmeros os acordos das maiores ONGs globais com as grandes marcas. A influência dessas firmas sobre os agentes econômicos é, muitas vezes, superior à dos governos e dos organismos multilaterais. As grandes marcas tornaram-se autoridades privadas na regulação do uso dos recursos ecossistêmicos, num processo de "corporativização" da arena política global. O que elas decidem incide de maneira mais rápida sobre os fornecedores que as decisões governamentais.

Mas se é assim, se essas companhias empenham-se em usar menos água, transitar para fontes renováveis de energia e reciclar cada vez mais, por que, isso não se exprime, globalmente, em melhores indicadores ambientais?

A razão é que ao mesmo tempo em que buscam diminuir a base material, energética e biótica daquilo que oferecem, as corporações seguem lançando nos mercados cada vez mais produtos, mesmo que elaborados, cada um deles, de forma mais eficiente.
Como a fabricação de cada empresa não cessa de crescer, essa redução no uso dos recursos não basta para que a economia passe a caber no interior das fronteiras ecossistêmicas.


O automóvel individual é um exemplo gritante desse paradoxo: apesar do aumento em sua eficiência, a Agência Internacional de Energia prevê que as emissões anuais do setor de transporte dobrem até 2025. Apesar de mais eficientes, os carros particulares responderão por 90% deste aumento. A maior quantidade de carros vai contrabalançar seu melhor desempenho.

Outro exemplo vem da produção de cimento: entre 1990 e 2011, cada tonelada do produto foi produzida emitindo 17% a menos de gases de efeito estufa. Mas a produção aumentou tanto que as emissões totais do setor ampliaram-se 44% no período.
As mais expressivas organizações empresariais do mundo reconhecem esse impasse. O Fórum Econômico Mundial publicou, pouco antes da Rio + 20, um relatório mostrando a urgência de se repensar o crescimento econômico e o próprio sentido coletivo do consumo, cuja expansão não tem-se mostrado capaz de propiciar verdadeiro bem-estar às sociedade humanas.

Estimular o uso partilhado dos bens (e não sua propriedade), valorizar o tempo livre das pessoas e recuperar os espaços urbanos para a convivência social são valores decisivos, reconhece o Fórum Econômico Mundial.
Esse reconhecimento é importante, mas falta o essencial: a disposição de as grandes marcas globais orientarem suas atividades não por metas de crescimento sempre maior e sim por sua capacidade de preencher reais necessidades humanas.

Se as grandes ONGs conseguissem um diálogo com as grandes marcas globais não em torno da redução dos males, mas sim em torno das finalidades, dos propósitos e das utilidades daquilo que se oferece à vida social, seria um passo relevante para equacionar o atual impasse.



RICARDO ABRAMOVAY, professor titular da FEA e do IRI/USP, pesquisador do CNPq e da Fapesp, é autor de "Muito Além da Economia Verde", ed. Planeta Sustentável.